Após diversas polêmicas envolvendo a marca e os estereótipos impulsionados por ela, o desfile da Victoria’s Secret voltou depois de quatro anos fora dos holofotes. A marca que já foi um ícone de sensualidade, glamour e padrões inalcançáveis, se tornou alvo de críticas e agora, está tentando mostrar que se transformou com o tempo. Mas será que colou?
Um comeback com cara (e corpo) novo?
Nos anos 2000, o VS Fashion Show era um dos eventos mais esperados da cultura pop, transmitido para milhões de pessoas e que descobriu diversas supermodelos ao redor de todo o mundo ao longo dos anos. Mas, à medida que o público mudou, o desfile passou a ser visto como ultrapassado, excludente e desconectado da realidade.
Apesar de tudo isso, a nova geração mais presente nas redes sociais tem se encantado cada dia mais com a cultura da magreza e padrões estéticos inalcançáveis, revisitando conteúdos e estilos que remotam a estética anos 2000 ao mesmo tempo que se mistura com as novidades atuais, como cirurgias e procedimentos estéticos.
Através dessa abertura, é possível compreender que diversas marcas, antes mal vistas pelo público que as boicotava, agora possuem mais espaço para criar uma nova narrativa que se encaixe nesse cenário mais “flexível”.
Por isso, em pleno 2024, a Victoria’s Secret tenta reposicionar sua imagem, apostando em diversidade, representatividade e storytelling.
Estratégia de imagem ou reposicionamento real?
A nova fase da marca envolve mais do que a passarela: é um case de rebranding em busca de recuperar o seu espaço. Após anos sendo pressionada por movimentos sociais, críticas à falta de inclusão e escândalos internos, a empresa passou a investir em embaixadoras reais, corpos plurais e histórias autênticas.
Mas será que isso realmente aconteceu? Mesmo trazendo uma maior diversidade em seu desfile, a marca não deixa de se posicionar de forma clara quanto a sua cultura e preferência por belezas e corpos inalcançáveis e fora do real.
Apesar de ter conseguido abrandar o público com um storytelling claro para o mercado, as práticas ainda são as mesmas. O que a marca entendeu foi que em tempos de consumidores atentos e causas em alta, a estratégia precisa ser mais do que estética e pelo menos parecer ser culturalmente relevante.
Da TV para o feed: o novo palco é digital
Se antes o desfile era um megaevento televisivo, hoje ele vive de engajamento nas redes sociais. A marca migrou sua força para o Instagram, YouTube e TikTok, com bastidores, trechos exclusivos e influenciadoras mostrando outro lado do desfile. A publicidade tradicional dá espaço ao conteúdo social, e o desfile se transforma em campanha viva, compartilhável e mensurável.
Aqui, o desfile não é mais apenas performance: é plataforma de conteúdo. E mais do que vender um produto, a marca quer vender uma nova percepção de si mesma.
O que está em jogo aqui não é só a lingerie, mas o poder de uma narrativa bem contada e adaptada.
O questionamento que fica é: o novo posicionamento é autêntico e realmente representa uma nova fase ou é só um filtro para esconder uma mesma cultura antiga?
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