Imagine entrar em uma loja virtual com apenas um clique no celular e, em vez de olhar uma foto estática, você caminha pelo ambiente – experimentando produtos e sensações reais. Isso é só um gostinho do que as tecnologias imersivas podem fazer pelo branding de uma marca. AR/VR: imersão no Marketing de Experiência não vieram para substituir o mundo real, mas para potencializá-lo de maneira surpreendente, ligando o digital e o físico.
Nesse post, vamos explorar como AR e VR revolucionam o marketing de experiência, misturando mundos para criar ativações de marca únicas: conheça casos inspiradores, entenda a conexão com o marketing sensorial e emocional, e descubra ferramentas práticas para começar você mesmo.
Imersão: o que é AR/VR no Marketing de Experiência?

Antes de mais nada, vale a pena entender as diferenças. De forma simples:
- Realidade Aumentada (AR): é a tecnologia que sobrepõe elementos digitais ao mundo real. Pense no famoso filtro de redes sociais que coloca um óculos virtual em você, ou num app que projeta um sofá na sua sala via câmera. Na prática, AR permite que você veja dados ou objetos virtuais integrados ao cenário real. Exemplo: um aplicativo de móveis que mostra como uma cadeira ficaria na sua casa.
- Realidade Virtual (VR): é um ambiente totalmente digital e imersivo, geralmente acessado por um óculos de VR (headset). Nesse mundo virtual, você pode “entrar” em cenários simulados – de uma loja futurista a uma jornada no espaço – como se estivesse lá. As marcas usam VR para criar experiências onde o usuário “passeia” por um ambiente feito sob medida. Imagine testar dirigir um carro em pista de corrida sem sair da sala!
Em resumo, VR cria realidades alternativas completas, enquanto AR “adiciona” camadas digitais ao nosso mundo atual. Ambas são experiências multissensoriais poderosas. Como define bem a Amazon Ads, “o marketing imersivo é o uso da realidade virtual e de outras tecnologias imersivas para criar experiências envolventes que permitem aos clientes interagir com produtos ou marcas de forma mais realista e multissensorial”. Ou seja, trata-se de fazer a pessoa sentir e lembrar da marca em um nível emocional bem além do visual – despertando os cinco sentidos sempre que possível.
Cases inspiradores de AR/VR no Marketing de Experiência: imersão
Para inspirar, veja como grandes marcas estão usando AR e VR para colocar o público no centro da ação. Cada case abaixo mostra uma forma diferente de brand experience:
Gucci Garden (Roblox): moda e arte no metaverso
Em maio de 2021, a grife Gucci lançou no jogo Roblox o Gucci Garden, um espaço virtual aberto por duas semanas para todo mundo. Era como uma instalação de arte imersiva, inspirada na exposição real do Gucci Garden em Florença. Os jogadores entravam num lobby virtual onde podiam experimentar e comprar itens digitais da marca. Depois, percorriam salas temáticas cheias de fantasia: luzes coloridas, flocos de chuva de balões, projeções surreais – tudo para mergulhar no universo do diretor criativo Alessandro Michele. Aos poucos, o avatar da pessoa absorvia os elementos visuais de cada sala: no labirinto “Tokyo Tribe”, por exemplo, as luzes em zigue-zague viravam estampa nas roupas virtuais; em outra sala, uma piscina mudava o ambiente num verdadeiro carnaval visual.

No fim, era possível ostentar essas roupas virtuais em qualquer lugar do Roblox – unindo moda, jogo e arte num roleplay único. O sucesso foi tão grande que, em 2022, a Gucci ampliou a ação criando o Gucci Town em Roblox, uma experiência contínua com loja virtual, exposições, espaços criativos e moeda própria (GG Gems) para trocar por itens.
Coca-Cola Zero Sugar #TakeATasteNow: AR na rua
A Coca-Cola, em 2023, levou AR para o outdoor e transformou as ruas numa experiência de marca. Em parceria com a rede de supermercados Tesco, lançou o Take A Taste Now no Reino Unido. Em 13 grandes locais (estádios, estações e shoppings), telas gigantes interativas faziam DOOH (mídia out-of-home) com realidade aumentada: quem passasse ali podia escanear um QR code com o celular e interagir ao vivo com a arte na tela. Fazendo isso, ganhava uma garrafa digital de Coca Zero e um cupom de verdade na hora! A galera virou DJ da própria experiência: mudava visuais na tela como quem controla um jogo, enquanto recebia o produto. Em três semanas, a ação tocou +4 milhões de pessoas, teve 41% de interação direto na tela e usuários fazendo mais de 400 mil tentativas de trocar de “sabor” virtual.

Ao final, ainda levou Coca-Cola geladinha para os consumidores – mostrando como realidade e Coca-Cola misturam sensações visuais e gustativas. Foi uma ativação de marca que provou: oferecer brindes por AR torna tudo mais memorável do que uma simples amostra grátis na rua.
Dove “Mergulho no Sentir”: imersão sensorial aqui no Brasil
No fim de 2023, a Dove levou o público paulistano a uma experiência imersiva de verdade – sem celulares ou jogos. A marca montou a exposição “Mergulho no Sentir” numa galeria em São Paulo. Lá, todas as obras de arte interativas foram projetadas para aguçar os sentidos: som ambiente de cachoeira ou cachorros se apegando no cabelo, cheirinho de cremes, tatames de espuma macia, texturas de gel ou espuma de sabonete, até pinturas em gesso para colocar as mãos. Em cada sala, um artista trazia um tema (como hidratação ou cuidado pessoal), e a marca fez questão de que o visitante não só visse, mas também ouvisse, tocasse e até sentisse cheiros que lembram água e banho. O resultado? Celebridades curtiram e divulgaram (Rafa Brites, Dani Rudz, etc.), mas o mais importante foi a imersão: a experiência reforçou a mensagem de autocuidado da Dove de forma emocional e memorável.
Afinal, ouvir a voz de quem ama cantar, sentir a brisa de água na pele e conectar isso ao cuidado com o próprio corpo fica na memória de um jeito que anúncio na TV não faz.
Pokémon Go e as parcerias AR
Difícil falar de AR sem mencionar o fenômeno Pokémon Go (Niantic, 2016). Isso porque o game para celular trouxe a realidade aumentada para o público geral em escala mundial: só em 2023 eram ~85 milhões de jogadores ativos por mês. O que abriu espaço para parcerias de marca geniais. Um exemplo recente foi a rede de conveniência Circle K: no festival Cannes Lions 2023, a Niantic criou anúncios AR dentro do jogo. Os jogadores viam balões virtuais no mapa e, ao clicarem, entravam em uma cena AR onde aparecia um copo de café 3D da Circle K. E, ao interagir com esse café virtual desbloqueava itens no jogo e, de lambuja, a peça lembrava o usuário de visitar uma loja real mais próxima para provar um café de verdade.

É um ótimo exemplo de brand experience que conecta o digital e o real: o jogador está fisicamente na rua, mas seu avatar interage virtualmente para depois ser atraído à loja da marca – tudo por uma brincadeira imersiva.
+ imersão: outros exemplos de AR/VR no Marketing de Experiência:
Listamos aqui algumas ações de AR/VR para inspirar ainda mais:
- Maybelline (Ucrânia, 2023): criou o maior espelho AR do mundo numa fachada de shopping (4.000 m²!). Dessa forma, quem passasse ali podia experimentar virtualmente a máscara no próprio olho refletido, interagindo numa tela gigante. 3 milhões de pessoas viram organicamente o vídeo dessa ativação!
- Barbie x Snapchat (2023): para o lançamento do filme Barbie, a Warner Bros fez um filtro AR onde você se via com roupas de Barbie, até em comemorações de pontos turísticos globais pintados de rosa. Uma mistura de fan experience com AR divertida.
- Revolut Ultra (2023): a fintech Revolut espalhou portais de AR de mentirinha em cidades da Europa, acionáveis por app. Assim, ao atravessar esses portais na câmera do celular, o público desbloqueava experiências exclusivas da nova assinatura “Ultra” – um jeito futurista de convidar curiosos a interagirem com a marca no mundo real.
Cada case acima mostra uma forma de transportar o público para dentro da identidade de marca. Seja esportes virtuais da Nike, patrulhas futuristas da polícia (caso do Exército Britânico em VR), ou montanhas para escalar em casa (Adidas fez algo assim em VR), a receita é sempre misturar diversão com propósito da marca. Assim, o consumidor não só “vê” seu produto: ele vive a mensagem em 360°.

Imersão: AR/VR + Marketing de Experiência
Ainda que AR/VR soem como alta tecnologia, a lógica por trás é bem humana: envolver sentidos e emoções. Por isso, conecta-se diretamente às teorias de marketing sensorial e marketing emocional.
Marketing Sensorial
Marketing Sensorial estuda como estimular nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) para fixar a marca na memória. Tradicionalmente, empresas fazem música ambiente, aromatizam lojas ou providenciam brindes gourmets em eventos. AR e VR são extensões digitais dessa ideia. Por exemplo, um app de AR já estimula visão e audição (por meio de gráficos e som).
Certos projetos tentam até envolver tato e cheiro (há headsets VR com ventiladores ou difusores de cheiro!). Em VR, o poder visual e auditivo é total – você está completamente imerso no universo da marca. Pense numa campanha de perfume que use VR para levar o usuário a um jardim virtual onde o próprio aroma é “sugerido” via descrição ou acessórios especiais: cada detalhe (cor das flores, som de água) toca no sensorial. Essas experiências digitais, ainda que não usem cheiro ou paladar, apelam para sensações internas – por exemplo, criar empolgação ou aconchego via ambiente visual/sonoro.
Marketing Emocional
Por outro lado, o marketing emocional ressalta que consumidores compram pelo que sentem, não só pelo que precisam. Ou seja, contar histórias e provocar sentimentos (alegria, nostalgia, etc.) é chave. AR/VR têm imenso potencial aqui. Quando você sente que uma experiência é autêntica, automaticamente associa essa emoção à marca (branding emocional). Como diz o Mailchimp, o marketing emocional “cria uma identidade de marca que provoca emoções específicas e estabelece uma conexão pessoal com o consumidor”.
Imagine um VR que leva o consumidor ao local de origem de uma matéria-prima (como café num vulcão da Costa Rica) ou uma AR que faz você “participar” de uma festa infantil promovendo um produto. São pontos de contato que apelam diretamente para a ligação afetiva com a marca. Dessa forma, aquelas correntinhas de branding e construção de marca se fortalecem: o cliente não vê apenas um logotipo, mas viver uma narrativa criada em parceria com a tecnologia.Além disso, essas experiências dão novos contornos à brand experience. Em vez de “sentar e assistir” um comercial, o público atua dentro da história.
Esse foco no envolvimento faz com que as campanhas fiquem mais memoráveis. Em resumo: AR e VR são ferramentas perfeitas para quem quer fazer marketing sensorial + emocional ao mesmo tempo. Elas transformam campanhas em momentos de quebra de paradigma para o consumidor – por isso, as marcas fortes estão correndo para ter suas próprias ativações imersivas.

Imersão AR/VR no Marketing de Experiência: como começar
Quer criar sua primeira ativação imersiva? Aqui vão algumas dicas rápidas para começar:
Primeiros passos para criar uma ativação imersiva
- Alinhe com sua marca: Antes de tudo, pense no porquê. Qual o objetivo da ação? Fortalecer sua identidade de marca, criar um momento marcante, ou atrair um novo público? Essa resposta vai guiar tudo. A Gucci, por exemplo, queria conversar com a Geração Z e Millennials — e escolheu o Roblox como palco para sua experiência fashion digital. Tudo a ver, né?
- Escolha a tecnologia/plataforma certa: AR e VR não são sinônimos, então vale entender qual encaixa melhor no seu público e proposta. AR é mais acessível (basta um celular) e ótima para redes sociais ou ações de rua com QR Code. Já a VR exige equipamentos, mas cria imersão total — ideal para estandes, feiras ou lançamentos grandiosos. Dica: se estiver começando, vá de AR para testar o terreno.
- Ferramentas de criação: Mesmo em um ambiente digital, o toque emocional conta (e muito!). Capriche no visual, invista em sons envolventes, narrações ou efeitos que remetam ao universo da marca. Quanto mais a experiência “conversa” com os sentidos do usuário, mais ela fica na memória — e no coração do consumidor.
Ferramentas, testes e divulgação: como tirar sua ideia do papel
- Escolha as ferramentas certas: Existem várias plataformas para criar sua própria ação imersiva — sem precisar ser dev full stack.
- Spark AR (Meta) e Lens Studio (Snapchat): ideais para filtros sociais;
- ARKit (Apple) e ARCore (Google): ótimos para apps em lojas físicas;
- 8th Wall e ZapWorks: para WebAR (funciona direto no navegador);
- Unity e Unreal Engine: perfeitos para VR mais robusto e customizável.
- Prototipe e teste com usuários reais: Não tem erro, o feedback é seu melhor amigo. Por isso, mostre a experiência para amigos, colegas ou grupos de teste. Veja se a luz funciona, se o áudio está legal, se tudo faz sentido. Pequenos ajustes podem salvar (ou elevar) a experiência.
- Divulgue como um evento: Depois de tudo pronto, é hora de fazer barulho. Use redes sociais, influenciadores, teasers e até spoilers controlados. O importante é criar expectativa! Ah, vale lembrar que boa parte das pessoas adora compartilhar prints e vídeos de experiências diferentes, porque isso gera alcance orgânico e dá um boost no seu branding.

E aí, partiu colocar seu projeto no mundo?
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