Se você já caiu no buraco sem fim dos “Shein Hauls” no TikTok ou YouTube, sabe do que estamos falando. A Shein não é só uma gigante do fast fashion — é uma especialista em fazer a roda do marketing de influência girar com força total. Mas como essa marca chinesa ganhou o mundo (e os guarda-roupas de milhões) apostando quase que exclusivamente na influência digital?

Do anonimato ao topo: como a Shein virou queridinha da Geração Z
Fundada em 2008, a Shein começou como uma plataforma de vendas de roupas de baixo custo. Mas foi com a ascensão das redes sociais — especialmente o TikTok — que a marca explodiu globalmente. Ao contrário de marcas tradicionais, a Shein não investe pesadamente em publicidade tradicional. Ela encontrou seu caminho diretamente nos celulares da Geração Z, por meio de influenciadores e criadores de conteúdo.
A fórmula do sucesso: microinfluenciadores + haul + cupom de desconto
A estratégia da Shein é simples e poderosa:
- Micro e nano influenciadores são a base: criadores com 5 mil a 100 mil seguidores são acionados com frequência para divulgar peças recebidas e mostrar suas escolhas em vídeos de “Shein Haul”.
- Volume > fama: em vez de apostar apenas em grandes nomes, a marca prefere espalhar sua presença por meio de centenas de creators ao redor do mundo.
- Cupom personalizado: cada influenciador tem seu cupom com nome próprio, o que incentiva o uso e cria senso de comunidade.
- Estímulo ao conteúdo UGC (gerado pelo usuário): o próprio consumidor é incentivado a mostrar suas compras nas redes em troca de visibilidade ou novos descontos.

Resultado? Engajamento nas alturas, com vídeos que ultrapassam milhões de visualizações — e tudo isso com um investimento muito mais baixo que campanhas com celebridades.
TikTok: o palco principal da estratégia
É no TikTok que a Shein reina. Com hashtags como #SheinHaul ou #SheinFinds, a marca soma bilhões de visualizações. A lógica da plataforma, baseada em tendências e impulsionamento rápido de vídeos, ajuda a manter a Shein sempre em evidência.
A sensação de urgência (“compre antes que acabe!”) e o apelo visual das peças ajudam a transformar simples vídeos de unboxing em grandes gatilhos de consumo.
Personalização global, apelo local
Shein entende que, para conquistar o mundo, precisa falar a língua de cada público. Por exemplo, no Brasil, já trabalhou com influenciadoras de moda, criadoras plus size e perfis alternativos, criando campanhas que ampliam o senso de representatividade.
Dessa forma, a marca reforça sua imagem acessível, diversa e democrática — ao menos no discurso.
O outro lado: críticas e dilemas éticos
Apesar do sucesso estrondoso, a Shein também carrega controvérsias:
- Acusações de más condições de trabalho em fábricas.
- Baixa transparência sobre sua cadeia produtiva.
- Estímulo ao consumo exagerado e descartável.
Esses pontos levantam um debate urgente sobre o papel dos influenciadores nesse modelo: até que ponto a influência digital contribui para a banalização de práticas questionáveis? E será que os criadores têm consciência do que estão ajudando a promover?
Conclusão: influência que vende (e que questiona)
A Shein é, sem dúvida, um fenômeno de marketing de influência. Construiu um império digital a partir de uma estratégia certeira, acessível e altamente replicável. Mas também escancara um dos maiores dilemas do consumo atual: o equilíbrio entre alcance e responsabilidade.
No fim das contas, influenciar é mais do que vender. É construir narrativas com propósito — e que resistam ao tempo (e às próximas tendências).
💡 Quer saber mais sobre o poder da influência no marketing atual? Então vale a pena ler também o artigo Influência à Mesa: Como o iFood usa influenciadores para dominar o delivery, onde exploramos como o iFood utiliza o marketing de influência para se destacar no competitivo mercado de delivery.
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